História da raça

O Bullmastiff foi desenvolvido na Inglaterra na segunda metade do século XIX. Trata-se da única raça britânica desenvolvida especificamente para guarda territorial.

Naquela época, as vastas propriedades rurais e as reservas de jogos da aristocracia inglesa eram alvos irresistíveis dos caçadores furtivos. Era prevista pena de morte para quem fosse pego realizando caça ilegal. Dessa forma, os grandes proprietários de terras contratavam funcionários chamados guarda-caças exclusivamente para fazer a vigilância de perímetro, sobretudo no período noturno.

Nesse contexto, era necessário um cão para auxiliar o guarda-caça a percorrer a propriedade e que pudesse ser capaz de rastrear e deter caçadores furtivos. A ideia era ter um cão grande, rápido e corajoso o suficiente para perseguir e capturar um caçador rondando o terreno na calada da noite. Era essencial que o cão apenas capturasse, sem matar o caçador furtivo, que deveria ser entregue às autoridades policiais.

Como nenhum cão à época atendia a esses quesitos, houve sucessivos cruzamentos de diversas raças na tentativa de criar o cão perfeito para as necessidades dos guarda-caças.

Foi aí que nasceu o Bullmastiff inglês, resultado da cruza do Mastiff inglês com o antigo Bulldog inglês (que, diga-se, era muito diferente dos atuais). O Mastiff era grande, mas não agressivo e veloz o suficiente, enquanto o Bulldog, corajoso e veloz, não tinha o tamanho necessário para derrubar e segurar um invasor.

Exatamente por essa razão, o Bullmastiff inglês moldou-se como cão de guarda não agressivo. Isto é, que não ataca o invasor para matar, e sim para contê-lo, usando a mordida apenas enquanto encontra resistência. Uma vez que o capturado se rende, o cão mantém a vigia atenta até que chegue seu dono e tome as providências. Há relatos de Bullmastiffs que passaram horas mantendo invasores imobilizados e/ou encurralados.

Essa é uma característica muito peculiar na raça que é capaz de evitar acidentes trágicos envolvendo “invasores inocentes”, como amigos, familiares e prestadores de serviço que inadvertidamente adentram a residência sem terem sido apresentados ao cão pelos donos.

Aqui na Casa Silva tivemos um episódio em que estávamos recebendo um instalador de cortinas para a realização de um serviço. Colocamos um dos nossos cães em uma área lateral da casa, mas não percebemos que outra porta que dá acesso direto à sala ficou aberta. Descuido nosso. Quando o sujeito entrou na sala da casa com uma escada na mão, ele se deparou de cara com o cão que rapidamente deu um latido forte de alerta, uma espécie de aviso. O sujeito ficou imóvel, pálido. Sorte que estávamos logo atrás e conseguimos correr até a porta para evitar o pior. Caso contrário, poderíamos ter um episódio bem desagradável, envolvendo uma pessoa inocente vítima de um vacilo nosso. Fosse outra raça, poderia ter sido trágico. Por esse motivo, consideramos essa agressão controlada do Bullmastiff algo bastante vantajoso dentro da nossa realidade.

No ano de 1924, o Bullmastiff inglês foi reconhecido pelo Kennel Club da Inglaterra. Em 1933, o American Kennel Club seguiu o exemplo. No Brasil, os primeiros registros ocorrem no final dos anos 1980. Ainda hoje, embora popular na Europa e nos EUA, a raça é pouquíssimo conhecida pelo público em geral no Brasil.

Características da raça

• Sua bravura, coragem e defesa contra invasores é lendária; 
• São inteligentes e observadores, capazes de distinguir rapidamente entre um invasor qualquer e um convidado acompanhado do dono, ocasião em que se mantêm alertas sem demonstração de agressividade; 
• Diferentemente de muitas outras raças, usam sua poderosa e forte mordida na medida necessária para imobilizar o invasor até a chegada de seus donos. Não mordem para estraçalhar e/ou até matar. Há relatos de Bullmastiffs que ficaram horas mantendo o invasor encurralado. Essa característica é uma das mais interessantes da raça, pois evita que acidentes trágicos ocorram envolvendo pessoas inocentes (familiares, amigos e prestadores de serviço) que se depararam com o cão por acidente durante uma visita à residência;
• São cães de porte gigante, os machos podem chegar a 60 kilos e a fêmea, 50 kilos; 
• Gostam de ficar próximos a seus donos junto à convivência da família, jamais isolados e/ou trancafiados em canis; 
• São leais e apegados a todos os que frequentam o seu lar, não há registro de ataque de Bullmastiffs a seus donos e pessoas frequentes; 
• São obstinados quando querem algo. Portanto, para se ter obediência é importante investir em treinamento adequado;
• São tranquilos e calmos. Quando sozinhos, passam boa parte do dia dormindo, pois sua atividade predominante é noturna; 
• Embora tenham baixo nível de atividade, é essencial que se exercitem diariamente para evitar sobrepeso e problemas de saúde diversos. Por outro lado, é importante moderar na intensidade dos exercícios. Se quer um companheiro de corrida, opte por um Border Collie; 
• São silenciosos. Quando latem, é bom ficar atento, pois algo estranho pode estar acontecendo; 
• Expectativa de vida geralmente entre 9 e 10 anos (que é a média de cães molossos), mas há casos não tão raros de cães que chegam a 14 anos de vida ou mais; e 
• Não são adequados para quem deseja apenas mais um item de segurança para guarnecer a propriedade, achando que basta dar ração e água que está tudo certo. São seres vivos. Além de comida, água e um tanto mais, precisam de acolhimento e afeto dos seus donos.

P.s.: as características acima elencadas se referem a padrões gerais da raça. Cada indivíduo tem sua singularidade, podendo não necessariamente apresentar todos esses quesitos e/ou apresentar outros atípicos para a raça.